terça-feira, 24 de novembro de 2015

5 fatos que comprovam que os cristãos já foram extremistas

É conhecido de todos aqueles que buscam a verdade com sinceridade - não necessariamente se despindo de suas cosmovisões ou preferências ideológicas, mas enfrentando o preconceito e buscando equilíbrio - que a história do cristianismo é repleta de contradições. Há muitos exageros, mas também há fatos que não se podem ser negados. E o que não se pode negar é que a igreja, os cristãos sim, cometeram diversos abusos, seja em nome de Deus, de um purismo religioso e como costumo dizer por questões multifatoriais, pois todas essas questões tem engendrado uma movente política, cultural e econômica.

Então, logo se engana, tanto no casos dos cristãos como dos muçulmanos quem pensa que todo extremismo é concebido basicamente pela religião, isso é falta de honestidade intelectual ou no mínimo um desconhecimento da totalidade envolvida nessas questões. Abaixo listo 5 fatos onde os cristãos já foram bastante extremistas:

1 - Conflito na Irlanda


Houve na Irlanda por um tempo uma longa crise entre cristãos católicos e cristãos protestantes. Fato que é muito pouco conhecido por nós brasileiros. Tal crise, posta por governos como o de Margaret Thatcher como conflito religioso, tinha como causa real uma questão geopolítica - inciada com o domínio inglês na região. A questão passa a ter caráter mais religioso com o passar do tempo, ganhando contornos violentos, como o mais conhecido Domingo sangrento de 1972. Vale lembrar que essa situação nos remete ao governo do Rei Henrique II.
O blog Xadrez Verbal no podcast Fronteiras invisíveis do futebol sobre a Irlanda traz de forma mais sistemática toda essa questão.

2 - Nazismo


A questão do nazismo e sua relação com o cristianismo é mais conhecida dos cristãos, principalmente nos redutos reformados. Quando Hitler ascende ao poder com o discurso anticomunista e libertador de um país que estava destruído e humilhado devido sua derrota na primeira guerra mundial, o messianismo de Hitler atraiu vários adeptos, inclusive os cristãos. O apoio dado pelas igreja oficiais alemãs a Hitler foi contestado pela Igreja Confessante, cujo membro mais conhecido é Dietrich Bonhoeffer (imagem), que participou de grupos que atentaram contra vida do ditador. Acabou sendo morto poucos dias antes da invasão dos Aliados.



3 - Ditadura militar

Com medo de uma possível revolução comunista no Brasil, evangélicos e católicos abraçaram o militarismo cegamente: inclusive entregando membros de suas igrejas considerados subversivos. Discurso que se arrasta até hoje dentro das igrejas, baseado no senso comum e na desonestidade intelectual de muitos porta vozes importantes da igreja brasileira. A ditadura militar fez diversas vítimas, desde crianças, estudantes, partidos políticos e até mesmo a igrejas. Vários católicos e evangélicos sofreram retaliações. Existe um documentário que trata dessa questão Memórias protestante da ditadura militar que se encontra no youtube.


4 - Apartheid

Sim, a igreja também teve parte de culpa nisso! Utilizando argumentos descontextualizados assim como para justificar diversas atrocidades, desde escravatura a opressão aos índios, a igreja também se fez presente na opressão aos negros no apartheid.

Além de cultura e língua próprias, os bôeres, como também ficaram conhecidos, criaram um tipo de calvinismo muito particular, que originou a Igreja Reformada Holandesa. E foi nessa religião que os recém-chegados apoiaram seus argumentos para justificar a ocupação e expulsar seus antigos habitantes, os negros. Para Carlos Serrano, os africânderes partiram do princípio de que eram os eleitos de Deus, o que legitimava sua supremacia e seu direito sobre os outros indivíduos. Eles não estavam sozinhos nessa interpretação da Bíblia. No século 17, os puritanos que ocuparam a América do Norte, por exemplo, acreditavam basicamente na mesma coisa e não pensavam duas vezes em sacar tais argumentos para atirar contra os “peles-vermelhas”. (ACESSE a Fonte).

Vale lembrar que tivemos cristãos como Desmond Tutu como grande referência cristã na luta contra o apartheid.


5 - Ku Klux Klan

Esse movimento extremista, fundamentalista e ultraconservador era bastante violento: matavam, espancavam e cometiam diversas atrocidades para restabelecer um purismo religioso. Utilizam a cruz em muitos de seus rituais. Tinha uma base teocrática que muito se parece com a ideia teonomista de um Estado baseado nas leis veterotestamentárias. 


Esse post é bem introdutório e convidativo para pesquisas mais aprofundadas. Não o fiz na intenção de defender simplesmente o islã, mas para que nós cristãos possamos fazer uma reflexão acerca do nosso passado obscuro. Entender que a questão do extremismo religioso está conectado com questões políticas, econômicas e culturais também. É preciso fazer um resgate histórico gigantesco para entender por que as concepções cristãs foram sendo moldadas a partir de um caráter humanitário, algo que perpassa um criticismo interno e também externo do ocidente, coisa que o islã não experimentou na mesma medida que nós cristãos.